segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tremor arrasa cidades e provoca crise nuclear

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Atualizado em 31/03/11, às 15h28.

Um terremoto de 9 graus na escala Richter, o mais forte já registrado no Japão, causou um tsunami que devastou a costa nordeste do país no dia 11 de março. Ondas de até 10 metros de altura arrastaram tudo que encontravam pela frente – navios, barcos, carros, casas e pessoas.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

O número de mortos chega a mais de 4 mil, a maioria na província de Miyagi, localizada próximo ao epicentro. Outras 9.083 continuam desaparecidas. Cidades inteiras foram destruídas. Em outras localidades, faltam água, luz, alimentos e combustível.

O tsunami também danificou as instalações de usinas nucleares. No complexo de Fukushima Daiichi, uma das 25 maiores usinas do mundo, em quatro dias ocorreram três explosões na estrutura que abriga os reatores.

O acidente elevou uma nuvem radioativa que obrigou a retirada emergencial de 200 mil moradores da região. A população de Tóquio, capital, está assustada com a possibilidade dos ventos espalharem a radioatividade para o restante do país. A exposição prolongada à radiação causa mutação celular e câncer.

Cientistas alertaram para o risco de um acidente nuclear como o ocorrido em Tchernobil, na Ucrânia, em 1986. Na época, a radiação se espalhou pela Europa, matando milhares de pessoas e contaminando o solo. Foi o pior desastre nuclear da história.

A diferença é que, no caso de Tchernobil, houve explosão no reator nuclear, liberando partículas radioativas na atmosfera. No Japão, os problemas foram causados pela falha no sistema de resfriamento dos reatores, que geram energia elétrica a partir do urânio.

Desde então, as equipes tentam impedir o derretimento do núcleo dos reatores, o que causaria uma catástrofe atômica.

O Japão usa energia nuclear há quatro décadas, sem nunca ter registrado acidentes. São 55 reatores em operação em 17 usinas que, juntas, são responsáveis pela geração de um terço da energia elétrica consumida no território japonês.

Em comparação, o Brasil possui duas usinas em funcionamento, Angra 1 e Angra 2, ambas situadas na cidade de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro. O complexo gera apenas 2,5% da eletricidade consumida no país.

As catástrofes combinadas – terremoto, tsunami e vazamento radioativo – formam a pior crise enfrentada pelos japoneses desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a população sofreu um bombardeio atômico.

Abalos
O terremoto no Japão é o quinto mais forte desde 1900, quando começaram os registros mais confiáveis. O pior aconteceu em 22 de maio de 1960, no Chile, com magnitude de 9,5.

Mais recentemente, em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,1 na escala Richter na ilha de Sumatra, na Indonésia, causou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países do sudeste asiático.

Os tremores de terra são provocados pelo movimento de placas tectônicas na superfície terrestre. Quando os terremotos acontecem no mar, como no caso desse no Japão, o leito do oceano sofre uma elevação, deslocando um grande volume de água que forma uma série de ondas gigantes.

O Japão está localizado no chamado "anel de fogo do Pacífico", que inclui Filipinas, Indonésia e países menores. A região concentra as maiores atividades sísmicas do mundo.

Um total de 20% de todos os tremores de magnitude superior a 6 que acontecem no mundo afetam o Japão. Todos os dias o país é abalado por sismos, a maioria deles imperceptíveis para os habitantes.

Em 1933, um terremoto de 8,1 de magnitude matou 3 mil pessoas de Tóquio e cidades próximas. No mais mortífero, em 17 de janeiro de 1995, 6.424 pessoas morreram na região de Kobe-Osaka. Os abalos atingiram 7,2 graus na escala Richter.

Por esta razão, todas as construções japonesas são feitas com tecnologia moderna de engenharia civil. A população também recebe treinamento específico para se proteger em caso de terremotos e tsunamis. Tais medidas preventivas e alertas de segurança contribuíram para evitar que o número de morte e os prejuízos fossem maiores neste último tremor de terra.

Dekasseguis
Estima-se em bilhões de dólares o montante gasto com a recuperação das cidades. A tragédia pegou os japoneses em um momento econômico difícil. Depois de três décadas de crescimento, contando a partir dos anos 1960, há 15 anos a economia japonesa está estagnada.

O país acumula hoje uma dívida líquida que corresponde a 180% do PIB (no Brasil, a porcentagem é de 41%). No ano passado, o Japão foi ultrapassado pela China como a segunda maior economia mundial, posição que ocupava desde 1968.

O Brasil e o Japão possuem uma longa história de intercâmbio, com fluxos migratórios de ambos os lados. Os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao país em 1908 no navio Kasato Maru. Desde então, formou-se a maior comunidade de japoneses e descendentes que vivem fora do país de origem.

No final dos anos 1980, foi a vez de descendentes brasileiros emigrarem para o Japão, em busca de melhores oportunidades de emprego.

Hoje os dekasseguis (trabalhador imigrante) de origem brasileira compõem o maior contingente no Japão. A região atingida por terremoto, porém, é o destino menos usual desses trabalhadores. Até agora, não há registro de brasileiros mortos na tragédia.

Fonte: http://vestibular.uol.com.br/atualidades/

Queridos visitantes este artigo constitui abordagem geográfica.
Adoos